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Bastidores do debate entre os candidatos de SP tem tensão, provocações e até piadas entre os participantes

G1 - com informações do G1

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Com informações do G1

04/10/2024 por Redação

Focados para o último e decisivo debate do 1° turno, na TV Globo, os principais candidatos da capital paulista evitaram cumprimentos e gestos cordiais entre si durante boa parte do encontro. Os bastidores do debate entre os candidatos à Prefeitura de SP, transmitido pela TV Globo nesta quinta-feira (03).
Fabio Tito/g1
O último encontro frente a frente dos candidatos à Prefeitura de São Paulo no 1° turno foi marcado por tensão, provocações e piadas nos bastidores.
Com uma situação de empate técnico triplo inédito na reta final, segundo as últimas pesquisas Datafolha e Quaest, as campanhas foram ao encontro com estratégias bem montadas e ensaiadas, para que não houvesse falhas e imprevistos diante da audiência que acompanhava o debate pela TV Globo, pelo g1 e pelo Globoplay.
Para evitar os conflitos ocorridos na entrada dos últimos debates, a organização do encontro definiu horários de ingresso e saída dos candidatos da emissora.
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Os cinco principais pleiteantes à cadeira de prefeito só ficaram cara a cara no estúdio poucos minutos antes do embate final ser televisionado, às 22h, para toda a região metropolitana de São Paulo.
Da esquerda para direita: Pablo Marçal (PRTB), Tabata Amaral (PSB), Ricardo Nunes (MDB), Guilherme Boulos (PSOL) e Datena (PSDB) no estúdio da TV Globo, em São Paulo.
Globo/Bob Paulino
A chegada ao estúdio, a partir de 21h45 também foi feita um a um, diante de organização e disciplina de todos os envolvidos. O primeiro a ingressar no estúdio foi o candidato Datena (PSDB), que chegou com sorrisos e piadas.
Logo de cara questionou o apresentador César Tralli: Por que você está tão longe de mim, Tralli? Algum receio da minha pessoa? Sou apresentador policial, mas sou pacífico, disse Datena rindo e ironizando o fato de ter protagonizado uma cadeirada em Pablo Marçal (PRTB) no debate da TV Cultura, em 15 de setembro.
Na sequência, Guilherme Boulos (PSOL) também se posicionou no estúdio e chegou igualmente cheio de sorrisos. Cumprimentou Datena com um abraço caloroso e emendou:
Datena, tão te acusando de fazer parte de um tal consórcio comunista do Brasil. Sugiro que quando você voltar para a televisão, você não apresente mais o Brasil Urgente, mas sim o Moscow Urgente ou o Cuba Urgente, disse Boulos, arrancando gargalhadas do adversário.
Guilherme Boulos (PSOL) faz piada com José Luiz Datena (PSDB) ao se encontrarem no estúdio da TV Globo para o último debate entre os candidatos que concorrem à Prefeitura de SP.
Fabio Tito/g1
O candidato do PSOL, aliás, fez questão de dizer a todos que quisessem ouvir que naquela noite ele estava usando sua meia colorida da sorte, e que ninguém tiraria a concentração dele no debate.
Ao tomar posição e perceber que as cadeiras do estúdio estavam parafusadas no chão, Boulos fez outra piada: Todo lugar que eu vou e tem cadeira fixa no chão, o pessoal diz que é uma cadeira à moda do Datena, ao estilo do Datena, disse o psolista.
O terceiro a entrar foi o prefeito Ricardo Nunes (MDB). Ele deu um boa noite coletivo aos adversários, sem cumprimentos individualizados. Estava com o semblante tenso e muito focado.
Católico fervoroso, fez o sinal da cruz ao menos duas vezes: ao se acomodar na cadeira e faltando 1 minuto para o início da transmissão.
Os candidatos Ricardo Nunes (MDB), Tabata Amaral (PSB) e Pablo Marçal (PRTB) no debate da Tv Globo nesta quinta-feira (03).
Fabio Tito/g1
Tabata Amaral (PSB) e Pablo Marçal (PRTB) vieram na sequência, respectivamente, e não cumprimentaram igualmente os adversários que já estavam no estúdio.
Ao receberem as informações sobre as câmeras que usariam, o funcionamento dos cronômetros e as demais regras da transmissão, como os pedidos de direito de resposta, o mediador César Tralli convidou os cinco participantes a fazerem uma foto conjunta, como é tradicional em todos os debates da Globo.
Apenas o candidato Datena se disse favorável. Os demais se recusaram a posar ao lado uns dos outros. Entre os 58 debates transmitidos pela TV Globo e o g1 nesta quinta (3), apenas o de São Paulo não teve essa demonstração de cordialidade democrática entre os candidatos.
Era o sinal que o clima de animosidade que deu o tom de todo primeiro turno só deve se dissipar após o fechamento das urnas, uma vez que essa foi uma campanha pra lá de atípica, repleta de acusações falsas, mentiras, fakenews, disputas judiciais e violência física.
Luz, câmeras, ação
O jornalista César Tralli comanda o último debate entre os candidatos à Prefeitura de SP na TV Globo, nesta quinta-feira (03).
Fabio Tito/g1
Terminada a exibição da novela Mania de você, foi feita a contagem regressiva para o início da transmissão. A partir daí, os semblantes duros deram lugar a sorrisos abertos para cumprimentar os eleitores na apresentação inicial e, finalmente, iniciar o debate mais esperado do ano.
Cada candidato tinha direito a presença de apenas um assessor dentro do estúdio de acompanhante. O marqueteiro Duda Lima, que tem uma medida protetiva contra o diretor cinematográfico de Marçal - Nahual Medina - após ter sido agredido, estava acompanhando Ricardo Nunes.
Já Marçal, a exemplo dos dois últimos debates, decidiu não trazer seu fiel escudeiro à TV Globo, convidando no lugar dele um de seus sócios nos negócios, Marcos Paulo de Oliveira.
Assessores de Datena (PSDB), Guilherme Boulos (PSOL) e Ricardo Nunes (MDB) acompanham debate no estúdio da TV Globo, em São Paulo, nesta quinta-feira (03).
Fabio Tito/g1
Os assessores tinham um monitor cada uma na frente de suas cadeiras, onde acompanhavam atentos os detalhes do desempenho de seus candidatos, falando o tempo todo com os grupos de pesquisas qualitativas.
Nas chamadas qualis, os partidos corriqueiramente convidam eleitores indecisos para acompanhar os debates numa única sala e comentarem o desempenho de cada concorrente.
Nos intervalos, os assessores iam ao pé da orelha dos candidatos pedir ajustes e comentar os resultados das pesquisas.
Muitos marqueteiros viravam as costas para todos do estúdio para passarem as orientações, evitando qualquer possibilidade de revelar para outra campanha às estratégias de ação daquele debate.
Pablo Marçal (PRTB) e Tabara Amaral (PSB) recebem orientações de seus assessores ao pé do ouvido, durante intervalos do debate da TV Globo, nesta quinta-feira (03).
Montagem/g1/Fabio Tito
Nos três primeiros blocos, o debate se desenrolou com muitas propostas e algumas alfinetadas e ataques. Mas o clima virou após uma pergunta em que Boulos quis ligar Marçal ao ex-governador João Doria, após ter trazido para sua campanha dois nomes que eram de confiança de Doria.
O candidato do PRTB reagiu e afirmou que indicou pessoas que romperam com Doria e criticou candidatos que usam dinheiro público para financiar suas campanhas. Boulos afirmou que Pablo não respondeu à pergunta e o acusou de ser desrespeitoso com as mulheres.
Nesse clima de tensão, o debate foi para o intervalo do 2º para o 4° bloco. Marçal deixou o estúdio de surpresa ao lado do sócio, obrigando uma legião de organizadores e seguranças a correrem atrás dele pra saber onde ia.
Assessores de Tabata Amaral (PSB) e Pablo Marçal (PRTB) acompanham debate no estúdio da TV Globo, em São Paulo, nesta quinta-feira (03).
Fabio Tito/g1
Apesar do susto pela rapidez da saída, tudo que ele queria, na verdade, era um banheiro emergencialmente. Isso porque o candidato afirma que está em vários jejuns consecutivos, a fim de pedir ajuda do outro plano pra chegar ao 2° turno ou liquidar a fatura logo no 1° turno.
Assim, ele está há dias tomado seis litros de água diariamente, segundo o próprio Marçal revelou em várias agendas de rua.
Provocações
Na volta do banheiro, Marçal começou a trocar olhares e provocações de longe com Boulos. O candidato do PSOL parecia satisfeito por ter conseguido tirar Marçal do sério no bloco anterior com a pergunta mais dura e dizia de longe para Marçal: Te vejo no segundo turno, rindo copiosamente de Marçal.
Na volta do terceiro bloco, até Tabata Amaral partiu para o ataque contra o adversário Guilherme Boulos, fazendo uma pergunta sobre idas e vindas de opinião do psolista, que delimitou de vez os limites da disputa dos dois pelo chamado voto progressista de esquerda e centro esquerda nesse pleito.
Debate SP: Tabata pergunta a Boulos (PSOL) sobre posições de seu partido
Desse ponto em diante, o debate seguiu num tom mais beligerante. Quando Guilherme Boulos exibiu um suposto documento de exame toxicológico, que era proibido pelas regras do debate, ele foi alertado pela infração. Marçal queria que o psolista fosse advertido formalmente.
Mas apesar do incidente, o debate seguiu para o final sem maiores intercorrências. Um a um, os candidatos deixaram o estúdio rumo aos camarins, sem cumprimentarem uns aos outros.
Eles foram cumprimentados apenas por César Tralli, que agradeceu a disciplina de todos e recebeu em troca muitos elogios pela condução serena do encontro.
Na entrevista final aos jornalistas de outros veículos de imprensa, eles desabafaram sobre os confrontos que mais incomodaram.
Síndrome de Ciro Gomes, gesso cenográfico e boletim de ocorrência de casal foram alguns dos temas do debate e das coletivas individuais (veja aqui).
Os candidatos à Prefeitura de São Paulo Pablo Marçal (PRTB), Tabata Amaral (PSB), Guilherme Boulos (PSOL), Ricardo Nunes (MDB) e José Luiz Datena (PSDB).
Montagem/Fabio Tito/g1
Os candidatos não deixaram de aprovar a qualidade da organização da Globo na elaboração das regras e de toda a fluidez do confronto histórico é mais esperado da capital nos últimos anos.
Na tentativa de burlar as regras que não permitiam a exibição dos números de urna dos candidatos, Marçal escreveu o 28 do seu partido no gesso que tem mantido na mão direita.
Ao ser questionado por esse repórter sobre se tentou burlar as regras, o candidato desconversou e disse que ninguém em casa viu a marca na TV, só repórter do g1, que tem um olhar atento.
O candidato Pablo Marçal (PRTB) exibe o gesso com o número de campanha escrito durante debate da TV Globo nesta quinta-feira (03).
Fabio Tito/g1
O candidato Guilherme Boulos (PSOL) e as tais meias da sorte usadas do debate da TV Globo nesta quinta-feira (03).
Reprodução/Redes Sociais

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