Promotoria e Polícia aceitaram alegação da defesa de Henrique Lelis de que ele estava no Rio no dia do ataque, em outubro, em Mairiporã, Grande SP. Seis membros da Mancha continuam sendo procurados por morte de torcedor da Máfia Azul. Um palmeirense está preso. Henrique Moreira Lelis, o Ditão da Mancha, teve a prisão revogada pela Justiça
Reprodução/Arquivo pessoal
A Justiça revogou o mandado de prisão temporária que havia decretado contra um dos oitos torcedores do Palmeiras investigados pela emboscada a cruzeirenses, no final do mês passado em Mairiporã, Grande São Paulo. A informação foi confirmada nesta terça-feira (6) pelo g1 e pela TV Globo.
O Ministério Público (MP) e a Polícia Civil concordaram com o pedido feito da defesa para soltar Henrique Moreira Lelis: o Ditão Mancha. A argumentação foi de que ele estava em outro estado, no Rio de Janeiro, quando ocorreu o ataque.
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Diante disso, a Delegacia de Polícia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva (Drade), na capital paulista, e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público estadual pediram para a Justiça cancelar a decretação da prisão de Henrique.
A Justiça então revogou o mandado de prisão temporária contra Henrique, mas manteve os decretos de prisões temporárias contra outros sete palmeirenses suspeitos de participarem do ataque da Mancha Alviverde que deixou um cruzeirense morto e 17 torcedores da Máfia Azul feridos em 27 de outubro.
Sete palmeirenses investigados
Reprodução/Arquivo pessoal
Um dos sete palmeirenses da Mancha foi preso na última sexta-feira (1º) pela polícia. Os outros seis integrantes da maior e principal torcida organizada do Palmeiras continuam sendo procurados _são considerados foragidos da Justiça.
Também foram expedidos mandados de buscas e apreensões já cumpridos na sede da Mancha, na capital paulista, e em imóveis dos investigados em outras cidades do estado.
Esse número de palmeirenses investigados pode aumentar. A Drade e o Gaeco investigam a possibilidade de que ao menos 150 membros da Mancha participou do ataque aos dois ônibus da Máfia, principal torcida do Cruzeiro.
Policiais e promotores analisaram imagens da emboscada na Rodovia Fernão Dias gravadas por câmeras de seguranças e pelos próprios palmeirenses. Os agressores postaram as imagens nas redes sociais como prova de que haviam dado o troco nos cruzeirenses.
De acordo com a investigação, o ataque da Mancha contra a Máfia tinha um objetivo: se vingar da surra que os palmeirenses sofreram dos cruzeirenses em 2022 numa estrada em Minas Gerais. Naquela ocasião, a torcida do Cruzeiro agrediu os torcedores do Palmeiras, chegando a humilhar suas principais lideranças.
Segundo a Drade e o Gaeco, todos os palmeirenses que forem identificados e presos responderão por participação no homicídio do cruzeirense José Victor Miranda e nas lesões corporais contra os outros membros da Máfia. Além disso, serão responsabilizados por dano, tumulto e associação criminosa.
Quem são os 7 palmeirenses
Palmeirense é ouvido algemado pela Justiça de SP
Veja abaixo a situação de cada um dos oito palmeirenses identificados que tiveram as prisões decretadas:
Alekssander Ricardo Tancredi: torcedor da Mancha preso na sexta-feira passada foi indiciado pela polícia por homicídio, lesão corporal, dano, tumulto e associação criminosa. Está detido temporariamente por 30 dias na carceragem do 8º Distrito Policial (DP), no Brás. É investigado por suspeita de participar da execução do crime.
Jorge Luiz Sampaio Santos: presidente da Mancha é apontado pela investigação como o responsável por idealizar, planejar e executar a emboscada aos cruzeirenses. Teve a prisão temporária decretada mas está foragido.
Felipe Mattos dos Santos: o Fezinho, vice-presidente da torcida, também é investigado por participação decisiva na execução do plano. Segue foragido.
Leandro Gomes dos Santos: o Leandrinho, diretor da organizada, é foragido.
Aurélio Andrade de Lima: torcedor da Mancha, está foragido.
Neilo Ferreira e Silva: o Lagartixa, professor de boxe e muai thai, apontado como linha de frente da Mancha na emboscada, segue foragido.
Jeovan Fleury Patini: torcedor na Mancha e foragido.
A defesa até o momento não possui acesso ao inquérito, tampouco ao resultado das diligências. A imprensa possui mais informações que a própria defesa constituída, mesmo o caso estando em segredo de Justiça, isso é uma afronta ao Estado de Direito e à ampla defesa dos averiguados, informa nota divulgada pelos advogados Gilberto Quintanilha Pucci e Luiz Ferretti Júnior, que defende os interesses de Alekssander, Jorge, Felipe, Leandro e Aurélio.
A reportagem não conseguiu localizar as defesas de Henrique, Neilo e Jeovan para comentarem o assunto.
Quem tiver informações sobre o paradeiro dos investigados pode telefonar para o Disque-Denúncia pelo número 181. Não é preciso se identificar.
Barras de ferro e rojões apreendidos
José Victor Miranda, torcedor do Cruzeiro morto em São Paulo
Facebook/ Reprodução
Integrantes da Mancha atacaram com barras de ferro e rojões os ônibus onde torcedores da Máfia estavam. Um dos veículos foi queimado e outro acabou depredado. O MP também apura o envolvimento de torcidas que agem como facções criminosas.
As autoridades apreenderam 12 barras de ferro, dois pedaços de madeira, cinco rojões e duas bolas de sinuca no local do crime e que foram usados para agredir os cruzeirenses. Os palmeirenses fugiram após o ataque e depois postaram vídeos da ação criminosa nas redes sociais, o que ajudou as autoridades a identificá-los.
Na sexta-feira passada, operação conjunta da polícia e do MP apreendeu computadores, documentos e máquinas de cartões bancários na sede da Mancha, em São Paulo.
Também foram encontrados uma barra de ferro e objetos, como uma mochila com roupas e camisas com manchas de sangue. Mesmo tendo sido lavados antes, eles serão periciados para saber se há vestígios de material genético das cruzeirenses agredidos pelos palmeirenses no domingo passado.
Um dos três veículos que aparecem em vídeos e foram usados pelos palmeirenses na emboscada aos cruzeirenses, um Chevrolet Celta prata, foi apreendido pela polícia num dos locais verificados no estado.
Ainda na quarta-feira, a Federação Paulista de Futebol (FPF) divulgou comunicado interno informando que irá acatar a recomendação do MP para proibir a presença da Mancha Alviverde ou de torcedores com seus uniformes e bandeiras em estádios de futebol no estado de São Paulo.
O que a Mancha, Palmeiras, Máfia e Cruzeiro dizem
Como foi planejada a emboscada da torcida Mancha Alviverde contra os rivais da Máfia Azul
Em suas páginas oficiais na internet, a direção da Mancha Alviverde negou que tenha organizado, participado ou incentivado qualquer ação relacionada à emboscada contra os cruzeirenses. E que não se responsabiliza por ações isoladas de palmeirenses envolvidos no ataque. A torcida informou ainda que lamenta profundamente o que ocorreu e que repudia com veemência a violência.
A direção da Máfia Azul se manifestou em suas redes sociais na web. No Instagram, a torcida fez postagens com mensagens repudiando o ataque dos palmeirenses contra cruzeirenses. Numa delas, escreveu que o choro da mãe do seu rival não traz a alegria da sua.
O Palmeiras informou por meio de nota enviada à TV Globo que repudia as cenas de violência do final de semana envolvendo torcedores do clube contra a torcida do Cruzeiro. E defendeu uma punição rigorosa para os criminosos.
O Cruzeiro também se manifestou informando por sua rede social que lamenta profundamente mais um episódio de violência. E que é preciso dar um basta a atos criminosos.
Ônibus foram destruídos durante briga entre torcedores de Palmeiras e Cruzeiro na Rodovia Fernão Dias, em Mairiporã, na Grande SP
Montagem/g1