Área desmatada entre a temporada de 12 meses de agosto de 2023 a julho de 2024 é a menor para uma temporada do Prodes desde 2017. Na edição anterior, esse número foi de 9.064 km² - agosto de 2022 a julho de 2023. Uma visão de drone mostra a devastação do incêndio florestal em meio à fumaça na Amazônia, em Lábrea (AM) (6 de setembro)
Bruno Kelly/Reuters
A área desmatada na Amazônia foi de 6.288 km² entre agosto de 2023 e julho de 2024, de acordo com números oficiais do governo federal divulgados nesta quarta-feira (6) pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Apesar das queimadas de agosto e setembro, quando comparado ao último levantamento do Inpe, houve uma queda de 30,6% do total da área desmatada entre as duas temporadas. Na edição anterior, esse número foi de 9.064 km², entre agosto de 2022 e julho de 2023.
Os números são do relatório anual do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes), considerado o mais preciso para medir as taxas anuais. Ele é diferente do Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), que mostra os alertas mensais – e que já sinalizava quedas na devastação nos últimos meses e no último ano.
Com essa redução de 2776 km², a taxa divulgada este ano é a menor para uma temporada do Prodes desde 2017.
Nos últimos 20 anos, o índice atingiu sua marca mais alta em 2004, quando 27,7 mil km² foram desmatados (veja gráfico abaixo).
Porém, depois disso, quando levado em consideração o período seguinte, houve uma queda constante nesses números, e a temporada com menor desmatamento na Amazônia em toda a série histórica do Prodes foi em 2012, com 4,5 mil km².
Mas a situação se inverteu novamente em 2015, e a área desmatada aumentou, chegando a 10.129 km², em 2019; 10.851 km², em 2020; e 13 mil km², em 2021.
O número só voltou a cair no último ano da gestão de Jair Bolsonaro (PL), atingindo a marca de 11.594 km². Bolsonaro, porém, assumiu o governo com uma taxa inicial de desmatamento em torno de 7.500 km², a qual não apresentou reduções quando comparada com o índice do começo do seu mandato.
É uma ótima notícia em um dia de grande revés para a agenda de clima, por conta da eleição de Donald Trump. O número é expressivo e mostra que a eliminação do desmatamento no Brasil é possível. Se o presidente Lula fala sério em assumir papel de liderança na agenda de clima, este é o momento. E o desmatamento zero é o caminho, avalia Marcio Astrini, secretário executivo do Observatório do Clima.
LEIA TAMBÉM
Queimadas se concentraram em florestas públicas, grandes propriedades, terras indígenas e UCs, aponta relatório
As 8 imagens mais impressionantes da seca e das queimadas no Brasil
Queimadas na Amazônia resultaram em 31 milhões de toneladas de gás carbônico
Queimadas na Amazônia afetam ar de todo país