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Um gênio da música, que inspirou e ainda inspira gerações: conheça a história do saudoso Maestro Isoca

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Com informações do G1

17/11/2023 por Redação

Wilson Fonseca, o Maestro Isoca, foi exímio pianista, saxofonista, organista, multi-instrumentista, maestro, além de compositor e professor de música. Se fosse vivo, estaria com 111 anos. Wilson Fonseca, o saudoso Maestro Isoca
Reprodução/TV Liberal
Dono de uma trajetória musical irretocável, Wilson Dias da Fonseca, o saudoso Maestro Isoca, completaria 111 anos em 17 de novembro de 2023. Nascido no município de Santarém em 17 de novembro de 1912, Isoca faleceu em Belém no dia 24 de março de 2002, deixando um legado cultural inestimável, que inspirou e segue inspirando gerações.
Maestro Isoca herdou a tradição musical que começou com o seu pai, José Agostinho da Fonseca (1886-1945). Foi com pai que ele iniciou seus estudos de música. Com dez anos de idade, em 1922, tocou triângulo (“ferrinho”) nas comemorações do centenário da Independência do Brasil, na banda de música “7 de Dezembro” dirigida por seu pai.
O aprendizado fez de Isoca um exímio pianista, saxofonista, organista, multi-instrumentista, maestro, além de compositor e professor de música. Inclusive, ele foi o primeiro baterista de Santarém, quando o pai José Agostinho precisou equipar melhor a Orquestra Euterpe Jazz. O instrumento era uma novidade, naquela época, embora mais simples que nos dias de hoje.
Wilson Fonseca foi funcionário do Banco do Brasil
Arquivo de família
O santareno também se destacou como escritor, pesquisador, poeta, historiador, memorialista e folclorista. Um exemplo do seu trabalho como pesquisador é o livro Meu Baú Mocorongo, que conta com seis volumes. A obra, que foi editada pelo Governo do Estado do Pará, conta com quase 2.000 páginas de pesquisas, recordações e reflexões sobre a vida histórica e sociocultural de Santarém e da Amazônia.
A obra Meu Baú Mocorongo foi escrita por Wilson Fonseca entre 1928 e 1983, mas a primeira edição só foi lançada em 2006, por ocasião da inauguração do busto do Maestro Isoca no Aeroporto de Santarém. A segunda, impressa pela Gráfica do Banco do Brasil no Rio de Janeiro, teve seu lançamento em 2012, ano do centenário de nascimento do santareno.
Em 2013, houve um pedido do Consulado Geral Norte-Americano no Rio de Janeiro, para que na obra passasse a fazer parte do acervo da biblioteca do Congresso dos Estados Unidos, em Washington.
Um resumo sobre quem foi o Maestro Isoca
Reprodução
No livro “A Vida e a Obra de Wilson Fonseca (Maestro Isoca)”, escrito por Vicente José Malheiros da Fonseca, filho de Isoca, está registrado que o maestro aperfeiçoou o seu conhecimento da arte de euterpe com mestres da escola germânica, como Frei Pedro Sinzig O.F.M., Frei Alberto Kruse, conhecido sob o pseudônimo de Tomás Samaí (que migrou para a Amazônia e manteve relacionamento pessoal com o Maestro Isoca, em Santarém) e Dr. Heinrich Lemacher, Catedrático da Academia Nacional de Colônia e Professor do Instituto Científico de Música da Universidade.
Piano a 4 mãos: Wilson Fonseca e seu filho Vicente Malheiros da Fonseca, sendo observados por José Agostinho da Fonseca (Maestro Tinho), ainda criança - Santarém-PA, 1966
Arquivo de família
Por sua habilidade musical, Maestro Isoca recebeu convite do Dr. Heinrich Lemacher para estagiar na Alemanha, que não teve como aceitar, porque na época era funcionário do Banco do Brasil.
Curiosidades
No ano de 1996, durante uma entrevista para o filho Vicente Malheiros para o livro a Vida e a Obra de Wilson Fonseca, Isoca contou que a sua obra musical sofreu influências da escola alemã, da música norte-americana, da ária italiana e até do tango argentino.
Ele também revelou uma curiosidade sobre como se deu sua aproximação com Rosilda, que foi sua esposa e mãe de seus filhos.
“Conheci a Rosilda quando ela frequentou a minha casa, onde funcionava a escola de música de meu pai. Um dia ele viajou e eu passei a ministrar aulas de violino, o instrumento que Rosilda aprendia. Foi a música que nos aproximou”, contou Isoca.
Capa do livro escrito por Vicente Malheiros conta a história de Wilson Fonseca, o Maestro Isoca
Vicente Malheiros / Arquivo pessoal
A obra musical do Maestro Isoca vai do popular ao erudito, e está reunida em 20 volumes (apenas 4 publicados), com mais de 1.600 produções catalogadas, grande parte ainda inédita. Esse acervo inclui peças para canto e diversas combinações de instrumentos, para banda, composições orquestrais e líricas, além de arranjos e transcrições.
Wilson Fonseca (Maestro Isoca) e seu filho Vicente Malheiros da Fonseca
Vicente Malheiros/Arquivo Pessoal
Dentre suas composições mais conhecidas, destacam-se o bolero “Um Poema de Amor” em homenagem ao nascimento de seu filho Tinho Fonseca, que é diretor do Instituto Maestro Wilson Fonseca (IMWF) em Santarém, “Canção de Minha Saudade”, “Terra Querida”, “Lenda do Boto”, “Hino de Santarém”, Hino da Festa de Nossa Senhora da Conceição e Canção da Vera Paz, ambas compostas em parceria com o saudoso poeta Emir Bemerguy.
Para Vicente José Malheiros da Fonseca, o legado de seu pai já está imortalizado na história de Santarém. (veja depoimento completo no vídeo abaixo)
Na minha percepção, o legado de meu pai na arte de euterpe, que é da música, são as peças de câmara e as sinfônicas, apesar de que ele, saibam, compôs até samba. Creio que o legado de meu pai está até imortalizado em Santarém. O aeroporto leva o nome dele, tem uma rua com o nome dele, escola estadual e escola municipal, e o Instituto Maestro Wilson Fonseca. E a nossa família está muito honrada com a trajetória que começou com meu avô. Wilson Fonseca é e continua sendo meu mestre na arte e na música, disse Vicente Malheiros.
José Malheiros fala sobre legado do mestre Isoca
A tradição musical da família Fonseca já está na quinta geração.
Reconhecimento
Wilson Fonseca foi membro fundador da Academia Paraense de Música, ocupando a cadeira nº 24, que tem como Patrono José Agostinho da Fonseca. Atualmente, a cadeira é ocupada por Vicente José Malheiros da Fonseca.
O maestro e escritor também foi membro da Academia Paraense de Letras, na qual ocupou a cadeira nº 7.
É Patrono de Cátedras de várias entidades acadêmicas:
Cadeira nº 40 da Academia de Letras e Artes de Santarém - ocupada por seu filho José Agostinho da Fonseca Neto;
Cadeira nº 27 da Academia de Música do Brasil - ocupada por Vicente José Malheiros da Fonseca;
Cadeira nº 26 da Academia de Musicologia do Brasil - ocupada por Vicente José Malheiros da Fonseca;
Cadeira nº 101 da Academia de Música do Rio de Janeiro - ocupada por Vicente José Malheiros da Fonseca; e
Cadeira nº 51 da Academia de Música de São Paulo – também ocupada por Vicente José Malheiros da Fonseca.
Maestro Isoca ao piano em sua casa, em Santarém-PA
Arquivo de família
Por toda sua contribuição na área musical, Wilson Fonseca também é Doutor Honoris Causa, in memoriam, da Academia de Musicologia do Brasil, Chanceler Magno in memoriam da Academia de Musicologia do Brasil - Cadeira nº 40.
O maestro é um dos três Patronos Oficiais da Academia de Musicologia do Brasil, ao lado de Vasco Mariz e José Cândido de Andrade Muricy. É também Patrono Histórico da Academia de Música do Rio de Janeiro, ao lado de Heitor Villa-Lobos, Francisco Braga e Alceo Bocchino.
Homenagem
Em Santarém, funciona desde 2 de agosto de 1993, o Instituto Maestro Wilson Fonseca (IMWF). O nome é uma homenagem ao patrono da instituição, tendo como diretor o seu filho José Agostinho da Fonseca Neto (Tinho).
Sede do Instituto Maestro Wilson Fonseca, em Santarém, no oeste do Pará
IMWF/Divulgação
Ao longo dessas três décadas, o Instituto tem funcionado como uma organização sem fins lucrativos, priorizando a qualidade na formação de cidadãos conscientes, responsáveis, disciplinados e cristãos por meio do ensino e promoção de música, dança e artes cênicas.
A instituição tem tido reconhecimento não apenas local, mas também a nível nacional e internacional, devido ao compromisso com a excelência artística e cultural. É reconhecida oficialmente como instituição de utilidade pública municipal e estadual.
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