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Idosos são maioria entre mortos por dengue em Piracicaba e infectologista pede revisão de cobertura vacinal

G1 - com informações do G1

Rastro101
Com informações do G1

02/07/2024 por Redação

Cidade vive a pior epidemia da doença da história e soma 25 mil casos positivos e nove óbitos. Região tem 31 mortes por dengue.
Aedes aegypti
Reprodução
Piracicaba (SP) registrou nove mortes por dengue em 2024, segundo boletim mais recente da prefeitura, no último dia 28 de junho. Desse total, oito óbitos foram de pacientes com mais de 60 anos na cidade. Consultado pelo g1, o médico infectologista Hamilton Bonilha, indica a necessidade de repensar a liberação da vacinação em idosos pelos órgãos competentes. -👇 Leia mais, abaixo. Atualmente, o imunizante está disponível no município para crianças e adolescentes, de 6 a 14 anos, com adesão abaixo do esperado.
O Ministério da Saúde afirmou, em nota enviada ao g1, nesta segunda-feira (1º), que precisou definir critérios para os territórios e restringir a faixa etária para cobrir com maior abrangência a população do país e esclareceu que não há previsão de ampliação para pessoas com mais de 60 anos - 📝Veja documento na íntegra, a seguir.
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A morte mais recente, provocada pela dengue em Piracicaba, foi de uma mulher na faixa etária entre 60 e 69 anos, com comorbidades. A confirmação foi divulgada pela Secretaria de Saúde nesta segunda-feira (1º). O óbito ocorreu na semana entre os dias 12 a 18 de maio. A cidade tem 25.559 casos positivos da doença.
Hamilton Bonilha, do Instituto de Vacinação e Infectologia de Piracicaba, ressalta ainda que as doses do imunizante chegaram com atraso.
Dos nove óbitos, oito são de pessoas acima de 60 anos de idade, ratificando as informações científicas de que a doença é mais grave em idosos. Diante desse cenário, seria fundamental a revisão em relação a possibilidade da liberação da vacinação em idosos, como orienta a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) que recomenda a vacina contra dengue (Qdenga) para quatro anos ou mais. A vacina não evita a doença, mas previne as formas graves e internação hospitalar e, infelizmente além de chegar tarde na cidade com doses insuficientes, beneficia a faixa etária de menor gravidade, argumentou.
O médico que atua, em Piracicaba, apontou ainda baixa adesão do grupo para o qual as doses da vacina contra a dengue foram destinadas prioritariamente.
Outro fato a se lamentar foi a atitude da indústria farmacêutica que destinou a grande maioria do estoque das vacinas para o Ministério da Saúde para vacinar crianças e adolescentes, inclusive com baixa adesão inicial, desabastecendo as clínicas privadas que tiveram uma enorme procura, infelizmente em vão, completou.
O que diz o Ministério da Saúde
O Ministério da Saúde informou em nota que:
A faixa etária recomendada pela empresa fabricante, bem como o uso aprovado pela ANVISA, é para a faixa etária de 4 a 59 anos, 11 meses e 29 dias de idade. Devido ao número limitado de doses disponibilizadas ao Ministério da Saúde, foi necessário definir critérios para os territórios e restringir a faixa etária para alcançar o maior número de territórios e população, pontuou.
A faixa etária foi definida seguindo a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS), que engloba as idades de 6 a 16 anos. Após reunião com a Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI) e deliberação no Comitê Intergestores Tripartite, foi definido no Brasil o uso da vacina na faixa etária de 10 a 14 anos, não havendo previsão de ampliação da faixa etária, concluiu.
Óbitos em Piracicaba
A cidade registrou nove mortes por dengue. Os sorotipos 1 e 2 da dengue são os mais predominantes em Piracicaba nos últimos anos.
19/03: Mulher, faixa etária entre 70 e 79 anos
20/03: Homem, faixa etária entre 60 e 69 anos
04/04: Homem, faixa etária entre 80 e 89 anos
05/04: Homem, faixa etária entre 80 e 89 anos
19/04: Mulher, faixa etária entre 80 e 89 anos
29/04: Mulher, faixa etária entre 30 e 39 anos
06/06: Homem, faixa etária entre 80 e 89 anos
25/06: Mulher, faixa etária entre 60 e 69 anos
01/07: Mulher, faixa etária entre 60 e 69 anos
📉Tendência de queda no inverno
A chegada de frentes frias e estiagem, com tempo mais seco, deve diminuir o número de confirmações da doença, segundo estimativa da Secretaria de Saúde de Piracicaba.
O Centro de Vigilância em Saúde (Cevisa) da cidade, no entanto, afirma que é difícil traçar um prognóstico exato devido às mudanças climáticas com tendência de um inverno mais quente, como na primeira semana da estação na cidade, e reforça a importância dos cuidados da população, eliminação de criadouros e adesão à vacina disponível para crianças e adolescentes. - 👉Leia mais, ao final da reportagem.
A dengue, conforme explica a enfermeira e coordenadora do Centro de Vigilância em Saúde de Piracicaba, Karina Corrêa Contiero, é uma doença sazonal.
Por isso, a dengue ocorre com muito mais intensidade entre meses mais quentes e mais úmidos, que geralmente começa em novembro, com pico em abril. Quando chegam maio e junho, costuma-se ver um decréscimo nos casos, pontua.
A pasta informou que segue acompanhando a incidência de novos casos diariamente e realiza ações de controle do vetor.
Atividades no combate da dengue são realizadas continuamente em Piracicaba.
Prefeitura de Piracicaba
Epidemia
Com 25.559 casos positivos de dengue, o total de confirmações da doença entre janeiro e junho deste ano é mais de quatro vezes maior que o verificado em 2007, quando se teve pior epidemia registrada na cidade até então, com 5.681 casos naquele ano.
Tivemos um número de casos muito maior do que já tivemos registrado na série histórica, muito além do que se esperava. Por isso, é difícil prever o que pode ocorrer daqui para frente diante desse aumento substancial, pensando até no cenário nacional, não só no município, especialmente pelas mudanças climáticas, comenta.
Coordenadora do Cevisa em Piracicaba, Karina Corrêa Contiero.
Isabela Borghese/CCS/Piracicaba
Criadouros do mosquito
A enfermeira ressalta que, como o cenário futuro ainda é incerto, a conscientização da população para manter os locais livres de criadouros do mosquito transmissor da dengue torna-se ainda mais essencial.
“O foco do mosquito está dentro dos domicílios na maioria das vezes. É preciso eliminar todos os possíveis criadouros do Aedes”, alerta.
Piracicaba já teve circulação de quatro sorotipos da dengue.
Getty Images via BBC
Sorotipos
A identificação do sorotipo da doença é feita por amostragem pelo Instituto Adolfo Lutz. Atualmente, em Piracicaba, a predominância é do sorotipo 1 da dengue, com um registro de caso do tipo 2 no município.
“Na cidade, já tivemos a circulação dos quatro tipos de sorotipos da dengue. Nos últimos anos, os sorotipos 1 e 2 foram mais prevalentes. É importante lembrar que qualquer um deles pode gerar tanto formas leves, assintomáticas ou graves da doença, inclusive óbito, ressalta.
Quando se contrai um determinado tipo de vírus da dengue, explica a profissional, o organismo gera a imunidade. E, quando se tem uma segunda infecção, independente da ordem do sorotipo, ela tende a ser mais grave que a primeira, ressalta.
Arrastão da dengue recolhe materiais inservíveis em Piracicaba
Divulgação/CCS
Baixa adesão à vacina
Sobre a procura pela vacina contra dengue, com doses disponíveis na cidade para crianças e adolescentes com idades entre 10 e 14 anos, a enfermeira coordenadora do Cevisa explica que a adesão ainda não atingiu patamar desejado.
As pessoas têm procurado a vacina, mas a vacinação ainda está aquém do que gostaríamos, ressalta.
A cidade recebeu 6.224 doses da vacina contra a dengue no dia 12 de junho. O esquema vacinal é composto por duas doses com intervalo de três meses entre elas.
Para receber o imunizante é necessário apresentar documento de identificação com foto, Cartão Pira Cidadão ou Cartão Nacional do SUS.
Durante a semana, vacinação acontece em todas as unidades de saúde da cidade: UBSs das 8h às 15h (exceto UBS Paulista – antigo Crab), e USFs (Unidades de Saúde da Família), das 8h às 16h.
Vacina contra a dengue
Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Regiões
As regiões Norte e Lesta de Piracicaba são as que mais concentram mais moradores com dengue em Piracicaba, conforme boletim epidemiológico da Secretaria da Saúde.
A região Norte em Piracicaba (SP) tem mais casos de dengue desde junho. No entanto, de janeiro a maio de 2024, a localidade com mais registros da doença no município era a região Leste. Em março, os bairros chegaram a concentrar mais de 50% do total de confirmações de toda cidade.
Atendimento 🏥
Quando buscar atendimento? Na metrópole, a orientação da Secretaria de Saúde é que todo morador que apresentar febre alta (39ºC a 40ºC) de início repentino e tiver pelo menos dois dos demais sintomas, deve procurar imediatamente um serviço de saúde.
Os principais sintomas, além da febre, são: dor de cabeça, prostração (fraqueza, abatimento, moleza), dores musculares e/ou articulares e dor atrás dos olhos.
Onde? Em Piracicaba são mais de 70 unidades abertas com equipes preparadas para atender e acompanhar os casos suspeitos e confirmados da doença.
A cidade também começou a atender casos de dengue ou sintomas de gripe em uma unidade temporária no Tiro de Guerra.
Piracicaba monta unidade temporária para atender casos de dengue e sintomas gripais no Tiro de Guerra
Divulgação/CCS
Como evitar a dengue 🦟
Veja algumas das orientações da Saúde para evitar a dengue:
Utilizar repelente, principalmente em lugares fechados;
Eliminar focos de água parada;
Manter os pratos de vasos de flores e plantas com areia até a borda;
Guardar garrafas com a boca virada para baixo;
Limpar sempre as calhas dos canos;
Não jogar lixo em terrenos baldios;
Colocar o lixo sempre em sacos fechados;
Manter baldes e caixa d’água devidamente tampados e piscinas com colocação de cloro;
Não deixar acumular água em pneus;
Furar latas de alumínio antes de serem descartadas para não acumular água;
Lavar bebedouros de aves e animais pelo menos uma vez por semana;
Em caso de suspeita da doença, entrar em contato imediatamente com a unidade de saúde mais próxima da residência e jamais utilizar medicação por conta própria.
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