Confusão foi motivada por celular, segundo o Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Privados de Serviços de Saúde de Roraima (Siemesp). Ministério da Saúde informou que indígena suspeito atuava como agente de saúde e será demitido da função. Dilanes Lima, 45 anos, é técnica enfermagem e prima de Vilson da Silva Souza
Caíque Rodrigues/g1 RR e Reprodução/Redes sociais
O sonho dele era levar saúde para os povos indígenas. Ele era do povo Macuxi e sempre falava sobre isso, disse ao g1 técnica de enfermagem Dilanes Lima, de 45 anos. Ela era prima de Vilson da Silva Souza, técnico de enfermagem morto neste sábado (9) ao ser atingido com uma flechada durante uma confusão com colega de trabalho, também indígena, na Terra Yanomami, em Roraima.
A informação sobre a morte de Vilson foi divulgada pelo Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Privados de Serviços de Saúde de Roraima (Siemesp).
Quando conversou com o g1, Dilanes e outros primos de Vilson aguardavam o corpo chegar no Instituto Médico Legal (IML), em Boa Vista. A vítima e família viviam comunidade Enseada em Uiramutã, ao Norte de Roraima.
Ele queria se formar para ganhar mais conhecimento e dizia que sonhava em ser um profissional atuando na própria comunidade indígena. Então, ele estudava e trabalhava. Formou como técnico e trabalhou em vários lugares, mas sempre que podia, voltava e contribuía também, disse Dilanes.
Técnico em enfermagem morre com flechada em confusão com colega na Terra Yanomami
A confusão entre Vilson o colega de trabalho foi na comunidade Maraxiú, região do polo base do Hakoma. O indígena suspeito, segundo o Ministério da Saúde, atuava como agente de saúde na Unidade Básica de Saúde Indígena e vai ser desligado do cargo.
Vilson da Silva Souza tinha 27 anos e era técnico em enfermagem
Arquivo pessoal
De acordo com Dilanes, Vilson atuava na saúde havia dois anos. Desses, ao menos dois foram dedicados às regiões na Terra Yanomami.
Ele trabalhava desde os 15 anos, fazia um monte de coisa. O sonho dele era trabalhar na saúde. Ele começou com o técnico em enfermagem e agora estava cursando enfermagem na faculdade, contou a prima.
Emocionada, Dilanes destacou o sentimento de tristeza e insegurança diante da situação. Ela também é técnica de enfermagem e, além de ver um primo perder a vida, também está triste por ver um profissional da saúde indígena morrer.
Perder a vida enquanto trabalha, sem necessidade de isso acontecer. Ninguém sabe ao certo o que houve, mas sabemos que ele estava trabalhando. É muito frustrante e desanimador para quem atua na área indígena, disse.
Confusão por celular carregando
O indígena suspeito, segundo o Ministério da Saúde, atuava como agente de saúde na Unidade Básica de Saúde Indígena e vai ser desligado do cargo.
O Ministério da Saúde determinou o desligamento do agente indígena de saúde do cargo na Unidade Básica de Saúde Indígena (UBSI) da Aldeia Maraxiú. Ele foi acusado de matar um técnico de enfermagem, de 27 anos, disse o Ministério (leia nota na íntegra abaixo).
Além disso, segundo o Ministério, a Secretaria de Saúde Indígena (Sesai) recomendou a retirada da equipe que atuava no território, movimento que é acompanhado pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).
Joana Gouveia, presidente do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Privados de Serviços de Saúde de Roraima (Siemesp), acompanha caso e aguarda chegada do corpo do colega no IML
Caíque Rodrigues/g1 RR
O corpo do técnico em enfermagem foi removido da região em um avião e chegou a Boa Vista por volta de 14h30, segundo a presidente do Siemesp, Joana Gouveia, que acompanha o caso.
O relato que recebemos da denúncia é de que o indígena estava com o celular carregando na unidade, o Vilson tirou o celular para carregar o dele. Foi aí que a confusão começou. Ele lançou a flecha com a intenção de matar. Foi um golpe certeiro, abaixo da axila, atingindo o pulmão e o coração, contou Joana,
Além de Vilson, haviam outros quatro profissionais de saúde na unidade: um médico, uma enfermeira, outro técnico em enfermagem e uma técnica em laboratório, informou o Sindicato.
Depois de ferido, o técnico chegou a ser removido de helicóptero para a unidade saúde de Surucucu - que é considerado uma referência em saúde no território, mas ele não resistiu e morreu ainda no trajeto.
Nota do Ministério da Saúde
O Ministério da Saúde determinou o desligamento do agente indígena de saúde do cargo na Unidade Básica de Saúde Indígena (UBSI) da Aldeia Maraxiú. Ele foi acusado de matar um técnico de enfermagem, de 27 anos.
Além disso, a Secretaria de Saúde Indígena (Sesai) recomendou a retirada da equipe que atuava no território, movimento que é acompanhado pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).
Uma equipe de profissionais do Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) Yanomami presta apoio à família da vítima.
Um boletim de ocorrência será registrado na Polícia Civil de Roraima e todas as medidas cabíveis serão tomadas após a investigação.
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